Dia 19/12/2009 – lançamento da cartilha de direitos autorais do MC
Vai ter festa!!! É o nascimento de mais um fruto da parceria entre Movimento Direito Para Quem, Revista Virus Planetário e Associação dos Profissionais e Amigos do Funk!
A Cartilha “Liberta o Pancadão – O Manual de Direitos do MC”, que conscientiza o trabalhador do funk quanto a seus Direitos Autorais, vai ser lançada no sábado, dia 19/12/2009, a partir das 12h, em uma festa da APAFunk. O local para um evento de defesa de direitos não poderia ser mais apropriado: o Centro de Cultura Popular Mariana Criola, na brava ocupação Manoel Congo, no centro da cidade (endereço abaixo).
Esperamos todos lá! A entrada é franca e haverá comes e bebes a preços populares!
“Comunidade que vive à vontade com mais liberdade tem mais pra colher. Pois alguns caminhos pra felicidade são paz, cultura e lazer. Comunidade que vive acuada, tomando porrada de todos os lados, fica mais longe da tal esperança, os menores vão crescendo todo revoltados. Não se combate crime organizado mandando blindado pra beco e viela, pois só vai gerar mais ira para aqueles que moram dentro da favela. Sou favelado e exijo respeito, são só meus direitos que eu peço aqui. Pé na porta sem mandado tem que ser condenado, não pode existir.(…) Mãe sem emprego, filho sem escola é o ciclo que rola naquele lugar. São milhares de história que no fim são as mesmas, podem reparar. Sinceramente, eu não tenho a saída de como devia tal ciclo parar. (…)o futuro da favela depende do fruto que tu for plantar. Tá tudo errado, errado e difícil explicar, mas do jeito que a coisa está indo já passou da hora do bicho pegar. (…) Tem gente plantando o mal, querendo colher o bem.” Tá tudo errado, por Mc Júnior e Leonardo.
O problema da segurança pública de extermínio ao povo pobre, negro e favelado está intimamente ligado à opinião pública e quais são os valores transmitidos por toda forma de mídia hegemônica, seja no jornalismo, publicidade e cinema. A maioria esmagadora da classe média e alta – que é ouvida e respeitada pelo poder público no Brasil – aprova com louvor a repressão às favelas como se fosse um território inimigo. A disputa por uma política de segurança pública que trate todos de maneira equivalente deve ser feita principalmente pela construção de uma mídia alternativa. Enquanto só tivermos Balanços gerais, RjTv’s, Meia-horas e Willians Wacks influenciando a opinião das pessoas, dificilmente teremos poder de pressão para mudar não só o que de há errado na política de segurança pública, como tudo que é injusto nesse mundo.
Mc Junior e Leonardo, no funk “Tá tudo errado” abordam o círculo vicioso alimentado pelas elites contra o povo. Ao mesmo tempo em que escrevemos este texto, uma propaganda do Bradesco passa na televisão. O narrador fala de pessoas que, quando se movimentam pra fazer seu sonho acontecer, ativam uma cadeia de outros sonhos em um poderoso elo invisível. O vídeo conta a história de um dono de tijolaria que, ao realizar seu sonho de montar uma empresa (e enriquecer), realiza o sonho da casa própria de um casal de classe média baixa que conseguiu a habitação pelo financiamento do Bradesco. Algo como um lindo círculo virtuoso, cujos elos foram construídos pelo banco, que realiza um mundo melhor a cada dia. Poético né? Os lucros milionários dos acionistas do Bradesco, sabiamente, são ocultados.
Enquanto tivermos em todas as formas de comunicação (jornalismo, publicidade, cinema, música…) mensagens ludibriosas, como a da propaganda do Bradesco, ou que fomentem preconceitos contra pobres, negros, favelados, homosexuais, mulheres, será muito difícil convencer as pessoas de que só há ricos porque há pobres e de que todas as injustiças do mundo devem ser combatidas. Enquanto o herói do filme for o capitão Nascimento, o policial que der o tiro de misericórdia em criminosos ou inocentes será aclamado pela opinião pública. E o círculo vicioso alimentados pelas elites para os pobres continuará esbarrando no círculo virtuoso – supostamente blindado – das elites.
No dia 28/06 (domingo), a partir de 16 horas, será realizada uma tarde de atividades culturais no morro Santa Marta. O intuito é chamar atenção para a proibição das manifestações de cultura popular, impossibilitadas de acontecer desde o início da ocupação do morro pela polícia.
Além da Roda de Funk realizada pela APAFUNK com varios MC´s, haverá oficina livre de Grafitti, apresentação de hip-hop e, fechando com chave de ouro, intervenções teatrais apresentadas pela Cia Marginal da Maré.